quarta-feira, 12 de agosto de 2009

o plastiquinho.


"só um minuto, vou observar certinho o lugar aqui e já falo com você."
Apesar do cansaço causado pela agitada noite anterior que havia proporcionado ao autor da frase uma experiência inusitada e descontraída; do sono causado pelo impercepção de que a noite havia se acabado e que o sol ja adentrava à janela com o canto dos pássaros de trilha sonora; do corpo dolorido devido aos mesmos motivos ja citados e da longa caminhada para chegar até o local onde encontrava-se dois pares de mãos repousando sobre uma mesa de mármore acompanhadas de cupons fiscais que indicavam a fortuna gasta em pipocas e refrigerantes pelo desconhecido que abandonou a nota sobre a mesa.
"toma o cupom, leva como lembrança minha" o dono do segundo par de mãos oferece ao primeiro que interrompe sua observação e acaba não levando a sério a oferta e ignora o presente lançando-o de volta a mesa: "nem quero!"
Com fins de evitar o teatrinho de 'fiquei-magoado-por-você-ter-recusado-meu-presente' o dono das mãos lançadoras justificam q não gostariam de ganhar algo tão pouco criativo. Risos cansados iniciam-se.

Sobre a mesa encontrava-se um plastiquinho transparente, embalagem de algo, provavelmente de guarnapos; as mãos lançadoras o pegam e involutariavelmente começam a brincar durante a discontração vivida pelos donos dos pares de mãos...

"Perdeu playboy!" de repente o plastiquinho é arrancado com as mãos que brincavam com este pelo outro par de mãos. Sorrisinhos de quem estava ironicamente muito assustado com o 'assalto'. Não tinha importancia nenhuma aquele 'assalto', o dono das mãos assaltadas ficava feliz por compartilhar seu 'brinquedinho de plástico'; era o mínimo a se retribuir à outra pessoa que havia proporcionado a ele mais um fim de semana inesquecível...

Mas não era exatamente felicidade que o dono das mãos ladras aparentava sentir naquele momento, algo o incomodava, sem dúvida o cansaço ajudava, mas era perceptível que esse cansaço trancedia os limites físicos e começava a atengir o mental.

As mãos ladras repartem o plastiquinho em dois e entregam um dos lados a outra mão. " toma isso de lembrança então " esse presente é aceito de bom grado pelas outras mãos que o guardam em uma carteira. As outras mãos continuam a brincam com sua parte do plastiquinho, porém a face de seus donos passa a se modificar, uma expressão ainda desconhecida pela outra face presente, face que tenta mudar o clima comentando sobre qualquer outra coisa, mas é interrompida com um lamento "eu acho que te trato mal ".

"você não me trata mal..." essa resposta automatica ao absurdo ouvido proferido pela face do dono das mãos ladras, provoca nele uma reação, onde face, braços e mesa juntaram-se apoiando-se numa cena de choro.
O segundo membro da mesa ao ver o amigo em tamanha situação, acaba ficando sem saber o que fazer, preocupa-se, talves o outro estava passando mal, talves fosse o cansaço, talves fosse lembranças desagradáveis... por ultimo imaginou ser ele o causador daquele choro.

Sem pensar muito, a mão que havia perdido o plastiquinho cobre a mão ladra... "você não precisa disso"

Precisava, ambos precisavam de um momento marcante como esse para provar da maneira mais difícil, porém mais sincera, a existencia daquilo que nem sempre é apenas anunciado com palavras...

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